Grottaferrata,18
de setembro de 2006.
Caríssimos,
Chiara
me pediu para responder o e-mail que vocês enviaram no mês de
agosto, relativo às próximas eleições presidenciais no Brasil.
Faço isso com a alegria de conhecer muitos de vocês pessoalmente,
certa da profunda experiência de unidade que nos liga e bem
consciente da amplitude da ação política, cultural e social com a
qual, há alguns anos, “o povo da unidade” no Brasil está
fecundando a história desse esplêndido país, com a luz do carisma
de Chiara.
(...)
Portanto,
cada um deve fazer uma escolha pessoal sobre os meios (isto é, os
partidos) para alcançar o bem comum que todos almejamos. É a
prudência que nos deve guiar na escolha dos meios adequados para
alcançar o fim, mas este julgamento prudente é confiado, em última
instância, à consciência pessoal. Por isso, somos chamados a nos
informar e a nos formar sempre mais, para desenvolver, o mais
possível, um juízo adequado. Fazer isso com Jesus em meio iluminará
cada vez mais aquela que deve permanecer uma avaliação pessoal,
como também é pessoal o voto que depositamos.
(...)
O
esforço dessa complexa análise, guiará a nossa escolha pessoal
esclarecendo-a muito mais e, ao mesmo tempo, nos ajudará a não
impô-la como exclusiva. Isto trará como fruto uma maior capacidade
de diálogo com todos, a começar pelos nossos irmãos cristãos que,
às vezes, para defender um princípio fundamental, descuidar de
fazer a própria parte com coerência também em relação a todos os
outros princípios e acabam por usar um valor universal como
fronteira ideologicamente inflexível.
A
não aceitação recíproca é um dos perigos mais graves dentro da
nossa comunidade, porque se atribui à própria escolha política um
valor absoluto, ideal e evangélico, fazendo uma dedução que não
se deveria nunca fazer em matéria como política, na qual podem
existir, legitimamente, opiniões diferentes.
Aceitar
a diversidade do outro implica a opção de fazer um percurso antes
de tudo em nós mesmos mas, inclusive, nas nossas comunidades, exige
o esforço de colocar Jesus em meio também na política, abrindo aos
outros irmãos, com os quais compartilhamos tantos aspectos da nossa
vida, até a nossa visão política e o nosso horizonte cultural,
experimentando nisto o enriquecimento que experimentamos todos os
dias em todos os outros campos.
(...)
Assegurando a vocês toda a nossa
unidade,
Lucia Crepaz
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