JOVENS POR UM MUNDO UNIDO

JOVENS POR UM MUNDO UNIDO
Movimento dos Focolares

Nós Jovens por um Mundo Unido nos empenhamos, onde vivemos, estudamos, trabalhamos, para responder às necessidades de pessoas e de grupos iniciando atividades e obras no campo social, da cultura, do esporte, da mídia. Procuramos atingir o objetivo de criar, por toda parte “fragmentos de fraternidade”, para chegar ao mundo unido, à paz!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cense Londrina

Além de todas as barreiras


Por: Édina Maria Silva de Paula

Há três anos, estávamos no período da Ação Cidade Nova: três meses nos quais dedica-se uma atenção especial à divulgação da revista. Num encontro que tivemos com membros da redação da Revista, começamos a aprofundar o conceito de que Cidade Nova é um meio de irradiação da cultura da fraternidade. Difundimos essa ideia nas diversas cidades do Paraná e entendemos que poderíamos levar essa mensagem aos diversos ambientes, inclusive à penitenciária de Londrina.

Começamos, então, a visitar as presas, apesar da dificuldade de acesso a elas. Achávamos que o contato com a Revista poderia ser útil para manter as detentas informadas sobre as questões da atualidade e que a sua leitura poderia oferecer a elas uma possível mudança de vida.

O projeto foi fruto da exigência de Edna Kolibaba - uma grande divulgadora da Revista - de ir ao encontro das detentas que vivem uma realidade de grande sofrimento. Ela sentia ressoar muito forte em seu coração as palavras de Jesus: "Eu estava com fome e me destes de comer; estava com sede e me destes de beber. na prisão e fostes visitar-me" (Mt 25,35).

Construída para acolher 36 pessoas, a penitenciária estava com uma superlotação de 120 presas. Todos os meses, nós as visitávamos. Líamos juntas a Palavra de Vida e outros artigos da Revista. Cada uma delas recebia um exemplar. Atualmente, cerca de 70 pessoas participam da experiência assumindo o papel de "padrinhos" das detentas, doando uma assinatura de Cidade Nova ou um kit de higiene pessoal.

No início das nossas visitas, as detentas demonstravam um certo receio diante da nossa presença e limitavam-se apenas a nos ouvir. Com o passar dos meses, começaram a manifestar a satisfação que nossas visitas lhes traziam e escreviam cartas expressando sua gratidão. Pediam inclusive que rezássemos por elas. Diziam sentir-se acolhidas e amadas por nós. Diziam que antes achavam que Deus não as perdoaria pelos erros cometidos, mas que depois de nos ter conhecido entenderam que eram amadas por Ele. Isso suscitou nelas o desejo de começarem uma vida nova. Além do mais, algumas que eram analfabetas se interessaram em conhecer o conteúdo de Cidade Nova e, por isso, quiseram aprender a ler, com a ajuda de pessoas que se dispuseram a auxiliá-las na alfabetização.

Numa dessas cartas, uma detenta escreveu: "Por razões que não descreverei agora, acabei presa no 3º Distrito Policial, onde conheci a Revista Cidade Nova. Uma revista que nos põe em contato com o mundo lá fora e também nos traz ótimas reportagens.

Gostaria que todos no mundo tivessem a oportunidade de conhecer exemplos como o de Chiara Lubich e o seu testemunho de vivência do Evangelho. Amar o próximo é fácil, mas amar os inimigos, os excluídos, os rejeitados, custa! Para muitas de nós, as únicas visitas e os únicos amigos aqui em Londrina são esses anjos que nos trazem a Cidade Nova".

Percebemos que a Revista acabou se tornando um precioso instrumento de evangelização naquele ambiente tão pouco receptivo a um discurso de cunho espiritual. Uma evangelização que começou a ter efeitos visíveis não só com a decisão das detentas de mudarem de vida, mas também com o envolvimento de outras pessoas que acreditaram no nosso projeto e que começaram a contribuir financeiramente para que possa se concretizar. Os efeitos são visíveis também nas mudanças estruturais que estão acontecendo na penitenciária a partir de um diálogo que iniciamos com o poder público e nas novas iniciativas surgidas a partir do nosso projeto.

COM O PODER PÚBLICO

Tendo conhecido mais profundamente a dura realidade do sistema carcerário da cidade, convidamos o secretário municipal de Saúde e a secretária municipal da Mulher para uma visita ao presídio. Eles aceitaram o convite e a visita ao presídio resultou no envolvimento do Poder Público. A partir daí começou a ser elaborado um programa de saúde da família das detentas e também de profissionalização destas.

Outra consequência dessa nossa aproximação com o Poder Público foi a aprovação recente da construção, sempre em Londrina, de uma penitenciária regional profissionalizante. Além disso, 40 detentas foram transferidas para outros presídios, diminuindo, assim, o problema da superlotação.
Recentemente, uma pessoa colocou à disposição do projeto um ônibus equipado para prestar atendimento odontológico e médico, em várias especialidades, com os respectivos profissionais, que farão mensalmente trabalho voluntário.

COM OS ADOLESCENTES

Numa de nossas reuniões com as detentas, estava presente Eline Lopes, uma jovem estudante de Direito, que decidiu iniciar o mesmo trabalho no Centro de Socioeducação para os adolescentes infratores.
Também lá a proposta de fraternidade da revista está produzindo resultados inusitados. É um trabalho que realizamos como formiguinhas, vamos um dia, vamos outro, em diversas ocasiões. Eu não sei quantos desses meninos mudarão de comportamento. Isso não importa: se um mudar, o nosso esforço já terá valido a pena.

A autora é promotora de Justiça de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

ERA PRECISO FAZER ALGO

"Estou aqui faz oito meses, porque roubei uma casa". "Eu caí na tentativa de homicídio". Essas e muitas outras frases ditas com normalidade pelos adolescentes internos dos Centros de Socioeducação (Cense), de Londrina, motivaram a estudante de Direito Eline Lopes a fazer algo para ajudar na reinserção social deles.

Juntamente com outros jovens que partilham o ideal de fraternidade da Cidade Nova, Eline começou a fazer visitas periódicas aos dois Censes. O primeiro desafio que enfrentou foi conquistar a confiança e a amizade dos adolescentes.
Para iniciar o trabalho, o grupo propôs o jogo do "Dado do Amor" (um dado em cujas faces estão escritas sugestões de como amar o próximo). No início de cada visita, o dado é jogado e os meninos são convidados a viverem a frase sorteada. Desse modo, aos poucos, eles vão aprendendo a amar o próximo e a estabelecerem relacionamentos de amizade entre eles.

Depois, por meio de diversas atividades, os adolescentes eram convidados também a viverem a chamada "Regra de Ouro" ("Faça aos outros, o que você gostaria que fosse feito a você") presente nas principais religiões. Entre outras atividades desenvolvidas, os jovens iniciaram um grupo de teatro no qual os adolescentes aprendem a conviver com os outros e descobrem os próprios talentos. Segundo o ator Wendel dos Santos, que dá aulas de teatro aos detentos, a motivação desse trabalho está na "busca de enxergar nas pessoas, mesmo atrás das grades, uma possibilidade de amar".

Os adolescentes dos Centros de Socioeducação não ficam indiferentes ao trabalho dos jovens. De fato, um deles afirmou depois de uma visita dos jovens: "É uma coisa diferente que está sendo passada para nós, que está ajudando a gente a despertar o que tem de bom dentro do nosso coração".

Fernanda Pompermayer

Um comentário:

  1. Doe doces e refrigerantes para o projeto CENSE Londrina.
    Contato: ELINE LOPES
    9112-6398
    msn:line_lopes@hotmail.com
    skype: elinelopes78

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