Ginetta às gen 2, jovens do Movimento dos Focolares.
Castelgandolfo, 27.10.1996
(1ª parte)
Então, este encontro foi um pouco improvisado. A nossa Eletta, aproveitando desta minha passagem por Rocca di Papa, disse: Você gostaria de contar a sua história às Gen, às Gen de Loppiano, às Gen da Escola? O que vocês teriam feito no meu lugar?
Eu coloquei-me nas mãos de Deus para não fechar as portas a um pedido que podia ser uma inspiração, pareceu-me uma inspiração. Portanto eu lhes conto a minha história.
Nasci numa família cristã. A minha mãe fazia muita questão de nos formar como verdadeiras cristãs autênticas, ela queria que fôssemos cristãs autênticas, por isso, ainda pequeninas, nos mandava para a doutrina, aos domingos. Talvez estas sejam palavras já superadas aqui, esta palavra “doutrina” não existe mais.
Era o dia de São Luís, 21 de junho, e a irmã que nos ensinava a doutrina, naquele dia falou de São Luís, falou da virgindade. Eu não me lembro do que ela disse, apenas um detalhe: que os virgens, no Céu, teriam cantado um hino, que é definido como “o Cântico dos Cânticos”, um hino lindíssimo. E teriam seguido o Cordeiro (Jesus), por onde quer que Ele fosse, no Paraíso, cantando esse hino. Somente isso.
O tempo passa e com a idade de 16-17 anos eu me lembro deste fato.
Naquela idade pode-se também pensar que nos encontramos diante de uma escolha e me lembrei do que aquela irmã havia falado. Então eu disse a Jesus: «Eu não vou me casar, quero permanecer virgem, porque quero cantar aquele hino que está reservado aos virgens, no Paraíso. Eu quero seguir-Te».
A irmã havia dito também que aquele hino era reservado só aos virgens, aos virgens. Então, dentro de mim, eu disse: «Se é só para os virgens, eu não me casarei, pois quero cantar esse hino». Então eu pensei: quero sair de casa; havia justamente concluído os estudos, poderia dar aula – eu era bastante jovem, porém não gostava da solidão.
(...)
Diante de mim havia três caminhos: o convento – eu nunca tive essa vocação, nem sequer por um segundo na minha vida, sem, porém, desprezar essa vida, eu nunca tive a vocação; a virgindade no mundo e o casamento.
Se me caso, não posso cantar esse canto, portanto, excluí esse caminho. A virgindade no mundo... Eu conhecia uma senhorita e eu sabia que não tinha se casado e nem pensava em casar-se, tinha permanecido virgem, em meio ao mundo e morava em casa, virgem. Mas o modo como se vestia me parecia algo do Antigo Testamento (cores do preto ao cinza, ao bege... azul-marinho), sapatos com cadarços, eu lembro, um penteado estranho... e assim, realmente...Então eu dizia: «Se para permanecer virgens é preciso se vestir assim, pentear-se assim, ah! Eu não consigo... prefiro me casar com dez, mas assim não quero, não quero aparecer assim não...
Entre todos esses caminhos, o mais normal me parecia ser o casamento. Porém, o problema permanecia: se me caso, não posso cantar esse hino.
Mas, vejam, como Deus ama pessoalmente, cada um de nós: parece viver por você, por você, parece que não veja outros além de você, de você, de você, de mim! Um dia eu disse à minha irmã: «Escute, domingo vamos dar um passeio nas montanhas!» – pois eu amava muito as montanhas. Ao contrário de todas as outras vezes (pois ela sempre fazia o que eu queria, aceitava todas as propostas), desta vez me disse: «Olhe, sinto muito, mas não posso». «Mas por quê?» – lhe pergunto. «Porque tenho um compromisso». «Você não irá a esse compromisso, você virá comigo». Ela disse: «Eu não posso, pois já dei a minha palavra». «Mesmo se você já deu sua palavra, você não irá a esse encontro, você virá comigo passear nas montanhas». Então ela disse: «Está bem, mas então você irá dizer a essas jovens que eu não vou, que não participarei da reunião» (pois se tratava de uma reunião). «Sim, eu vou».
Subindo a rua que conduzia a este salão onde se realizaria aquela reunião, eu vejo duas jovens, eu me aproximo – se dirigiam a esse encontro – e digo a uma delas: «Veja, senhorita, minha irmã não participará da reunião de vocês!». Então ela disse: «Está bem».
Algum tempo depois eu soube que aquela jovem era Chiara Lubich.
Fechemos esta página.
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