Conexão telefônica
Rocca
di Papa, 11 de novembro de 2010
“Voltados
para o Pai”1
[...]
No pensamento espiritual de hoje eu gostaria de
fazer com vocês uma reflexão.
O segundo ponto da nossa espiritualidade nos
confirma que devemos fazer a vontade de Deus para podermos afirmar
que amamos a Deus, que retribuímos com o nosso amor o seu ser Amor
por nós.
Ora - alguém poderá questionar-se -, o fato
de fazer na vida unicamente a vontade de outra pessoa, ainda que seja
a de Deus, de cumprir durante a nossa existência o desígnio que
outra pessoa tem para nós, mesmo que seja Deus, não nos levaria a
obscurecer, a não desenvolver a nossa personalidade, a privar-nos da
nossa liberdade? Nós nos convencemos de que não é nada assim, que
é exatamente o contrário, se pensarmos um pouco em quem somos nós
e qual é a nossa realidade
Nós estamos e estivemos desde sempre presentes
na mente de Deus, no seu Verbo.
Nós somos em Deus uma palavra pensada por ele
desde a eternidade. Esta palavra é o nosso verdadeiro eu. A certa
altura, o Pai nos criou e aparecemos na face da terra.
Ora, o destino da Palavra de Deus por
excelência, do Verbo do Pai é aquele de estar sempre voltado para o
Pai (o Prólogo do Evangelho de São João diz: o Filho unigênito
está voltado para o seio do Pai [cf Jo 1, 18]).
E também nós devemos fazer o mesmo.
O ser de Jesus só tem sentido por ter sido
gerado pelo Pai e tudo o que ele possui lhe foi dado pelo Pai. Por
isso ele realiza o que o Pai quer, porque é a sua realidade. Desse
modo ele é o Verbo do Pai e, ao mesmo tempo, é ele mesmo. Jesus só
faz a vontade do Pai, embora como homem isso lhe terá custado como,
por exemplo, na sua agonia no Monte das Oliveiras, mas ele a cumpriu.
Portanto, nós também devemos fazer a vontade
do Pai. E é justamente o fato de vivermos o que o Pai pensou e pensa
para nós que faz desenvolver-se a nossa personalidade. Por isso -
como exige o nosso Ideal - devemos realizar na vida o desígnio que
Deus tem para cada um de nós; desígnio que é a nossa própria vida
e é também a nossa liberdade, porque nos torna livres para sermos
realmente nós mesmos.
Então, permaneçamos sempre voltados para o
Pai, para a sua vontade.
[...]
Como sabemos, para nós a vontade de Deus é um
esplêndido raio que reflete sete cores ou um diamante com sete faces
luminosas. Ele deve ser vivido apoiando-o numa imprescindível
premissa: o amor recíproco acima de tudo, a unidade entre nós.
Depois ele nos leva a realizar com perfeição
o nosso trabalho cotidiano, a empenhar-nos com zelo e ardor na
difusão do nosso Ideal, a aprofundar com as práticas de piedade a
nossa união com Deus; a cuidar com amor da nossa vida física, a
dispensar a devida atenção à casa, a nos dedicarmos com paixão
aos nossos estudos e àquelas atividades que nos permitem manter
contato sobretudo com quem nos é confiado de modo especial.
É belo, a propósito de tudo isso, o que diz a
irmã Magdeleine, fundadora das Pequenas Irmãs de Foucauld: "Todas
as manhãs Deus nos oferece um dia, que ele preparou para nós, onde
não existe nada de excessivo e nada de insuficiente, nada de
indiferente e nada de inútil". Tudo é extremamente importante.
E então, no próximo mês recordemo-nos:
voltados para o Pai sempre, a cada momento; voltados para a sua
vontade.
Chiara
1Extraído
da Conexão telefônica de 28 de novembro de 1996.
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