Chiara Badano e a luz do Espírito
Data: 08.10.2010
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L´Osservatore Romano
Beatificação presidida por D. Amato em Roma
"A beata Chiara Badano é uma missionária de Jesus,
uma apóstola do Evangelho como boa nova para um mundo rico de bem-estar,
mas frequentemente doente de tristeza e infelicidade. Ela convida-nos a
reencontrar o vigor e o entusiasmo da fé", disse o arcebispo Angelo
Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, ao presidir ao
rito de beatificação da jovem focolarina (1971-1990), realizado na
tarde de sábado 25 de Setembro, no santuário romano do Divino Amor.
Diante de milhares de fiéis provenientes de todas as partes do mundo e com os jovens em primeira linha, D. Amato, em representação de Bento XVI, inscreveu o nome de Chiara no livro dos beatos. É a primeira vez que um membro do Movimento dos Focolares foi elevado à honra dos altares.
"O convite a reencontrar o entusiasmo da fé - disse o prelado - é dirigido sobretudo aos jovens, mas também aos adultos, aos consagrados e aos sacerdotes. A todos é concedida a graça suficiente para se tornar santos. Respondamos com alegria a este convite de santidade e agradeçamos a Bento XVI o dom da beatificação da nossa "Chiara Luce"", como lhe chamava a fundadora dos Focolares Chiara Lubich. "Trata-se - prosseguiu - de um sinal concreto da confiança e estima que o Papa tem nos jovens, nos quais vê o rosto jovem e santo da Igreja".
A espiritualidade focolarina foi vivida pela nova beata de maneira exemplar. A este propósito, o arcebispo realçou como "a veste nupcial com a qual Chiara foi ao encontro do Senhor Jesus se tornou preciosa graças aos "sete diamantes" da espiritualidade cristã e focolarina: Deus Amor; fazer a vontade de Deus; Palavra de vida praticada; amor ao próximo; amor recíproco que realiza a unidade; presença de Jesus na unidade". "Mas - acrescentou - o sétimo diamante, o mais precioso, que brilha mais do que todos, é o amor a Jesus crucificado e abandonado". Segundo Chiara Lubich - disse - é "o ponto principal, no qual se resume a espiritualidade focolarina e que a beata interpretou do melhor modo. O amor a Jesus abandonado infundiu-lhe a energia espiritual, aquela graça capaz de suportar todas as adversidades".
Depois, D. Amato repercorreu as etapas da doença que atingiu a jovem Chiara e que em pouco tempo a conduziu à morte. "Atingida por um osteosarcoma quando tinha 16 anos - continuou - ela aceitou a cruz com dor, mas com força serena: "Já não tenho pernas e gostava muito de andar de bicicleta, mas o Senhor deu-me asas". Sofria, mas a alma cantava. Rejeitou a morfina, porque - dizia - "me tira a lucidez e a única coisa que posso oferecer a Jesus é a minha dor". No final de Dezembro de 1989, quando a doença estava a devorá-la, recebeu a "Palavra de vida" de Chiara Lubich: "Quem está em mim e eu nele, esse dá muito fruto" (Jo 15, 5). No dia 26 de Julho daquele ano, Chiara Lubich deu-lhe um nome novo - "Luce". Acertadíssimo, pois Chiara era uma explosão de luz divina que surpreendia todos, jovens e adultos. Com frequência dizia: "Jesus é para amar e basta". E desde pequena foi muito generosa no corresponder ao ideal do amor a Deus e ao próximo".
Uma existência breve mas vivida intensamente, durante a qual a nova beata soube testemunhar o Evangelho da caridade para quantos encontrava no seu caminho. "Os dias da existência terrena de Chiara - recordou o prefeito - foram de caridade doada à mão-cheia. Ela transformou a dor em alegria, as trevas em luz, dando significado e sabor inclusive ao tormento do seu corpo frágil. Na doença, ela revelou-se mulher forte e sábia: "Vós sois o sal da terra e a luz do mundo"".
Em seguida, o prelado narrou alguns episódios da vida de Chiara Luce que revelam a sua caridade para com o próximo. "Com apenas 11 anos - recordou - propôs-se "amar quem me é antipático". Quando convidava alguém para almoçar, dizia à mãe para usar a toalha mais bonita, "porque hoje Jesus nos vem encontrar". Na sua cidade vivia uma senhora, Maria, uma mulher marginalizada, que não gozava de consideração alguma e nunca ia à igreja.
Chiara, encontrando-a com frequência pela rua, ajudava-a a carregar os objectos pesados e chamava-lhe "senhora" Maria. Quando Maria soube da morte de Chiara, quis ir à igreja. Vestiu-se como se deve, participou na missa e deu como oferta 50 mil liras, muito dinheiro naquele tempo". Um dia, uma amiga perguntou a Chiara: "Com os amigos no bar tu falas de Jesus, procuras transmitir algo de Deus?". "Não falo de Deus". "Mas como, perdes as ocasiões?". E ela respondeu: "Não é tão importante falar de Deus. Eu tenho que o dar"".
A caridade de Chiara era a expressão da sua união com Cristo. "A nossa beata encheu de gestos de amor - disse o arcebispo - também a mala para a sua santa viagem. O amor a Jesus era quotidianamente vivido por ela em mil episódios de caridade. Não eram propostas ao vento, mas factos concretos. A Gianfranco Piecardo, voluntário que partia para abrir 30 poços de água potável no Benim, entregou as suas economias, 1.300.000 liras, que tinha recebido como presente no seu último aniversário, dizendo: "Não me servem, tenho tudo"".
A sua caridade manifestou-se inclusive nos últimos dias da sua vida. "Esta jovem, aparentemente frágil - acrescentou - na realidade era uma mulher forte. No leito de morte fez uma última doação - das córneas ainda transplantáveis, porque não prejudicadas pelo mal. Elas foram extraídas e hoje dois jovens vêem graças à beata". Até os médicos ficaram admirados pelo comportamento de Chiara diante da doença e do sofrimento.
"Inatural, excepcional, incrível - concluiu o prelado - são os adjectivos usados pelos médicos para descrever a serenidade e a força de Chiara diante da doença mortal. É verdade. A sua atitude era inatural, porque completamente sobrenatural, fruto de graça divina, de fé infinita e de heroísmo virtuoso. Ela falava do vestido de noiva para o seu funeral, como teria feito uma jovem que se prepara para o matrimónio. Dizia: "Não choro porque sou feliz". E à mãe: "Quando me quiseres procurar, olha o céu, encontrar-me-ás numa estrelinha". Chiara Lubich, explicando o nome "Luce" que lhe tinha dado, escreveu que, ao ver uma sua foto, a jovem "não tinha os olhos de simples alegria mas algo mais, diria, a luz do Espírito"". A sua memória litúrgica foi fixada para o dia 29 de Outubro.
Diante de milhares de fiéis provenientes de todas as partes do mundo e com os jovens em primeira linha, D. Amato, em representação de Bento XVI, inscreveu o nome de Chiara no livro dos beatos. É a primeira vez que um membro do Movimento dos Focolares foi elevado à honra dos altares.
"O convite a reencontrar o entusiasmo da fé - disse o prelado - é dirigido sobretudo aos jovens, mas também aos adultos, aos consagrados e aos sacerdotes. A todos é concedida a graça suficiente para se tornar santos. Respondamos com alegria a este convite de santidade e agradeçamos a Bento XVI o dom da beatificação da nossa "Chiara Luce"", como lhe chamava a fundadora dos Focolares Chiara Lubich. "Trata-se - prosseguiu - de um sinal concreto da confiança e estima que o Papa tem nos jovens, nos quais vê o rosto jovem e santo da Igreja".
A espiritualidade focolarina foi vivida pela nova beata de maneira exemplar. A este propósito, o arcebispo realçou como "a veste nupcial com a qual Chiara foi ao encontro do Senhor Jesus se tornou preciosa graças aos "sete diamantes" da espiritualidade cristã e focolarina: Deus Amor; fazer a vontade de Deus; Palavra de vida praticada; amor ao próximo; amor recíproco que realiza a unidade; presença de Jesus na unidade". "Mas - acrescentou - o sétimo diamante, o mais precioso, que brilha mais do que todos, é o amor a Jesus crucificado e abandonado". Segundo Chiara Lubich - disse - é "o ponto principal, no qual se resume a espiritualidade focolarina e que a beata interpretou do melhor modo. O amor a Jesus abandonado infundiu-lhe a energia espiritual, aquela graça capaz de suportar todas as adversidades".
Depois, D. Amato repercorreu as etapas da doença que atingiu a jovem Chiara e que em pouco tempo a conduziu à morte. "Atingida por um osteosarcoma quando tinha 16 anos - continuou - ela aceitou a cruz com dor, mas com força serena: "Já não tenho pernas e gostava muito de andar de bicicleta, mas o Senhor deu-me asas". Sofria, mas a alma cantava. Rejeitou a morfina, porque - dizia - "me tira a lucidez e a única coisa que posso oferecer a Jesus é a minha dor". No final de Dezembro de 1989, quando a doença estava a devorá-la, recebeu a "Palavra de vida" de Chiara Lubich: "Quem está em mim e eu nele, esse dá muito fruto" (Jo 15, 5). No dia 26 de Julho daquele ano, Chiara Lubich deu-lhe um nome novo - "Luce". Acertadíssimo, pois Chiara era uma explosão de luz divina que surpreendia todos, jovens e adultos. Com frequência dizia: "Jesus é para amar e basta". E desde pequena foi muito generosa no corresponder ao ideal do amor a Deus e ao próximo".
Uma existência breve mas vivida intensamente, durante a qual a nova beata soube testemunhar o Evangelho da caridade para quantos encontrava no seu caminho. "Os dias da existência terrena de Chiara - recordou o prefeito - foram de caridade doada à mão-cheia. Ela transformou a dor em alegria, as trevas em luz, dando significado e sabor inclusive ao tormento do seu corpo frágil. Na doença, ela revelou-se mulher forte e sábia: "Vós sois o sal da terra e a luz do mundo"".
Em seguida, o prelado narrou alguns episódios da vida de Chiara Luce que revelam a sua caridade para com o próximo. "Com apenas 11 anos - recordou - propôs-se "amar quem me é antipático". Quando convidava alguém para almoçar, dizia à mãe para usar a toalha mais bonita, "porque hoje Jesus nos vem encontrar". Na sua cidade vivia uma senhora, Maria, uma mulher marginalizada, que não gozava de consideração alguma e nunca ia à igreja.
Chiara, encontrando-a com frequência pela rua, ajudava-a a carregar os objectos pesados e chamava-lhe "senhora" Maria. Quando Maria soube da morte de Chiara, quis ir à igreja. Vestiu-se como se deve, participou na missa e deu como oferta 50 mil liras, muito dinheiro naquele tempo". Um dia, uma amiga perguntou a Chiara: "Com os amigos no bar tu falas de Jesus, procuras transmitir algo de Deus?". "Não falo de Deus". "Mas como, perdes as ocasiões?". E ela respondeu: "Não é tão importante falar de Deus. Eu tenho que o dar"".
A caridade de Chiara era a expressão da sua união com Cristo. "A nossa beata encheu de gestos de amor - disse o arcebispo - também a mala para a sua santa viagem. O amor a Jesus era quotidianamente vivido por ela em mil episódios de caridade. Não eram propostas ao vento, mas factos concretos. A Gianfranco Piecardo, voluntário que partia para abrir 30 poços de água potável no Benim, entregou as suas economias, 1.300.000 liras, que tinha recebido como presente no seu último aniversário, dizendo: "Não me servem, tenho tudo"".
A sua caridade manifestou-se inclusive nos últimos dias da sua vida. "Esta jovem, aparentemente frágil - acrescentou - na realidade era uma mulher forte. No leito de morte fez uma última doação - das córneas ainda transplantáveis, porque não prejudicadas pelo mal. Elas foram extraídas e hoje dois jovens vêem graças à beata". Até os médicos ficaram admirados pelo comportamento de Chiara diante da doença e do sofrimento.
"Inatural, excepcional, incrível - concluiu o prelado - são os adjectivos usados pelos médicos para descrever a serenidade e a força de Chiara diante da doença mortal. É verdade. A sua atitude era inatural, porque completamente sobrenatural, fruto de graça divina, de fé infinita e de heroísmo virtuoso. Ela falava do vestido de noiva para o seu funeral, como teria feito uma jovem que se prepara para o matrimónio. Dizia: "Não choro porque sou feliz". E à mãe: "Quando me quiseres procurar, olha o céu, encontrar-me-ás numa estrelinha". Chiara Lubich, explicando o nome "Luce" que lhe tinha dado, escreveu que, ao ver uma sua foto, a jovem "não tinha os olhos de simples alegria mas algo mais, diria, a luz do Espírito"". A sua memória litúrgica foi fixada para o dia 29 de Outubro.
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